Publicado originalmente em: https://www.linkedin.com/pulse/ixbr-fortaleza-ultrapassa-6-tbps-de-pico-e-mostra-for%C3%A7a-moreiras-3wvtf
O IX.br Fortaleza atingiu uma marca histórica: ultrapassou os 6 Tbps de pico de tráfego. Essa conquista consolida o Ponto de Troca de Tráfego da capital cearense como o segundo maior do Brasil e um dos maiores Internet Exchanges do mundo, reforçando a importância estratégica da região para a infraestrutura da Internet no país e no cenário internacional.
Fortaleza hoje tem 832 AS participantes, sendo 716 visíveis na tabela de rotas dos Route Servers (via https://lg.ix.br/). São 11 PIX (Pontos de presença em Datacenters: Etice, Vtal, Giga Mais, RNP, Eletronet, BR Digital, Ascenty, Angola Cables, Hostweb, Cirion e Telxius) e 17 CIX (fornecedores de portas compartilhadas: BR Digital, ITS, Alares Internet, G8, Aloha, Aranet Play, BBG Telecom, BitNet Soluções, Open X, Inforbarra, ProveNET, Smart Soluções, TexNet Telecom, AllNet, Boomerang Telecom, Atual Telecom e St1 Internet). Dos 8592 AS Brasileiros que vemos anunciando prefixos na tabela Global BGP da Internet, 7869 anunciam prefixos direta ou indiretamente (por meio de outros AS) em Fortaleza, isso representa cerca de 90%.
Esse novo recorde não é isolado. Ele vem na esteira de uma trajetória impressionante: em 2018, celebrávamos 100 Gbps de pico em Fortaleza (https://nic.br/noticia/releases/ix-de-fortaleza-atinge-pico-de-100gbps-de-trafego-trocado-consolidando-se-entre-os-maiores-pontos-de-troca-de-trafego-internet-do-pais/). Em 2023, esse PTT já ultrapassava os 4 Tbps e entrava no top 10 mundial (https://teletime.com.br/13/07/2023/recorde-ix-br-ultrapassa-os-31-tbps-de-pico-de-troca-de-trafego-de-internet/). Agora, com mais de 6 Tbps, vemos não só crescimento técnico, mas também indicativos de uma transformação na distribuição do tráfego Internet no Brasil: menos concentrado em São Paulo e mais distribuído por todo o território, inclusive no Norte e Nordeste.
Essa descentralização é fruto direto de políticas acertadas, do investimento em infraestrutura, da atuação do NIC.br e da inteligência do modelo de governança multissetorial do CGI.br. Fortaleza, com sua conexão privilegiada a cabos submarinos vindos da Europa e América do Norte, tornou-se um hub internacional, contando também com um ecossistema robusto de datacenters e presença crescente de CDNs, grandes ISPs e sistemas autônomos de todos os portes.
Redundância estratégica: Fortaleza como espelho técnico de São Paulo
O IX.br Fortaleza não serve apenas como elo regional ou hub internacional. Ele também tem sido adotado por muitos Sistemas Autônomos (AS), incluindo provedores de acesso, CDNs, universidades, operadoras e grandes redes corporativas, como uma estrutura de redundância técnica em relação ao IX.br São Paulo.
Mapas de distribuição mostram que uma parcela significativa dos AS presentes em Fortaleza também está conectada a São Paulo, mesmo estando fisicamente em outras regiões do país. Essa dupla participação permite rotas alternativas, maior resiliência e continuidade de operação em caso de falhas, manutenções ou degradação de desempenho em um dos pontos.
Essa estratégia de redundância se aplica também ao acesso a conteúdo e aplicações. Hoje, Fortaleza conta com a presença direta de ao menos 20 grandes geradores de conteúdo e CDNs, entre eles Google, Netflix, Meta (Facebook/Instagram), Akamai, Microsoft, Globo, Amazon, Azion, Cloudflare, Fastly, Twitch, UPX, Edgeuno, Alibaba Cloud CDN, Bytedance (TikTok), Tencent, CDNetworks, CDN77, GoCache e SingularCDN. Isso permite que conteúdos altamente demandados estejam acessíveis com baixa latência para todo o Norte, Nordeste e outras regiões, sem depender exclusivamente de São Paulo.
Assim, Fortaleza contribuí de forma muito concreta para a resiliência, escalabilidade e soberania da Internet no Brasil.
IX Fórum Fortaleza 2025: muito além da troca de tráfego
É nesse contexto que realizaremos, nos dias 4 e 5 de junho, o IX Fórum Fortaleza 2025, seguido pelo Fórum BCOP, no dia 6 de junho. O evento traz uma programação técnica de altíssimo nível, com temas como: Engenharia de tráfego e communities no IX.br, Segment Routing e atualizações da infraestrutura, Inteligência Artificial no atendimento, Cabos submarinos, Bloqueio de IPs e URLs, Migração de VPN para eVPN, Uso do espectro de 6GHz e Wi-Fi 7.
Estarão presentes especialistas como Carlos Afonso, Flávia Lefèvre, Renata Mielli, Julio Sirota, Milton Kaoru, Gustavo Kalau, Thiago Ayub, Pedro Botelho, entre outros representantes de provedores, datacenters, academia e comunidade técnica.
A participação é gratuita e aberta, tanto presencialmente (na Fábrica de Negócios, em Fortaleza) quanto online, com transmissão simultânea em português e inglês pelo canal NICbrVideos no YouTube.
Um modelo a defender
O crescimento e o sucesso do IX.br e do PTT Fortaleza são frutos do modelo de governança da Internet adotado no Brasil: colaborativo, multissetorial, técnico e comprometido com o interesse público. Um modelo que vem sendo questionado e mesmo ameaçado por propostas sobre as quais escrevi aqui anteriormente.
Proteger a continuidade desse modelo é proteger o futuro da Internet no Brasil.
Vamos celebrar os 6 Tbps de Fortaleza e reforçar nosso compromisso com uma Internet técnica, aberta, distribuída, multissetorial e democrática.